quinta-feira, 2 de abril de 2009




De onde veio e onde está

Os primeiros sinais do bodyboarding vieram do chamado paipo-board, que consistia em uma prancha de madeira para pegar ondas deitado originária do Havaí. Enquanto os grandes reis havaianos surfavam com canoas e de pé, o resto do povo se divertia com sua pranchinha deitado.
Essa modalidade, no entanto, ficou esquecida por muitos anos; mais precisamente até Tom Morey quebrar sua prancha de surf na década de 70 e pegar uma onda deitado com a metade dela. Daí surgiu a idéia do renomado fabricante de pranchas na época, de criar um novo paipo-board, que ficaria popularmente batizado como Morey Boogie. Utilizou-se de um material novo chamado polietileno e começou a dar forma ao que mudaria a vida de muitos até hoje: o bodyboard. No começo, ninguém acreditava que aquilo venderia, porém o tempo provou que eles estavam equivocados. Ao mudar-se para a Califórnia, Tom Morey criou uma fabrica destinada a produção dessa nova prancha. No ano seguinte, uma grande multinacional americana comprou os direitos de produção do bodyboard e passou a fabricá-lo em larga escala, difundindo fortemente o esporte.
O grande crescimento do bodyboarding, devido à facilidade de compra, a segurança oferecida pelo esporte e a diversão na água geraram preocupação e posteriormente um boicote por parte das grandes marcas de surf, que sentiam uma crescente concorrência. Houve uma forte crise no esporte, porém isso acabou gerando as primeiras marcas 100% voltadas para a modalidade.
Entretanto, Morey jamais imaginara que o antigo paipo-board tomaria tamanhas proporções em termos de desempenho. Hoje o bodyboard puxa os limites dos esportes de ondas, com manobras aéreas extremamente técnicas e de alto impacto, nas ondas mais temidas do mundo. Ao mesmo tempo em que pode ser utilizado como um lazer leve das famílias nas praias, é o esporte de ondas mais radical do planeta, com atletas literalmente “decolando” em ondas enormes sobre recifes extremamente afiados.
Hoje, o esporte possui uma federação mundial, a IBA ( International Bodyboarding Association), e um circuito mundial com etapas nas mais perigosas ondas do mundo. Essa organização é dividida em várias regiões, entre elas a IBA Brasil. Não podia ser diferente, afinal o bodyboard é o esporte aquático mais vitorioso no país, sendo representado por atletas como o hexacampeão mundial Guilherme Tâmega e o atual campeão do world tour, Uri Valadão. Infelizmente, o esporte não é reconhecido como deveria no Brasil, e por sinal, como já foi na década de 90. Houve uma forte expansão no litoral tupiniquim durante esse periodo, porém as indústrias da modalidade não souberam canalizar esse crescimento, fazendo com que o esporte perdesse espaço na mídia e ,consequentemente, nas águas. Países como Austrália e Portugal oferecem uma estrutura muito melhor para a evolução dos atletas e da modalidade no geral. Na terra do canguru, a pranchinha tem tomado maiores proporções do que o surf, considerado uma febre entre os jovens. A conseqüência disso são atletas bem remunerados, competições de alto nível e mídia dando grande espaço ao esporte.