quinta-feira, 28 de maio de 2009

Ilha dos Lobos cai no esquecimento após a morte de Zeca Sheffer

Onda Proibida: sequência de Felipe Santos encarando a Ilha na remada , fotos do arquivo pessoal do bodyboarder

O Big Rider gaúcho Zeca Scheffer sempre teve grandes planos não só para o surf, como também para o turismo em Torres. Scheffer era conhecido por sua determinação e amor às ondas, propondo debates para a regulamentação do esporte nas perigosas “cracas” da Ilha dos Lobos, localizada na cidade. Após grandes sessões de Tow-in (modalidade em que o surfista é rebocado por um jet ski até a onda) na ilha, com forte exposição da mídia em nível nacional, o IBAMA resolveu tomar a polêmica decisão de impedir qualquer tipo de aproximação (humana ou naval) a menos de 500 metros do aglomerado de pedras. Scheffer sempre procurava colocar os dois lados da moeda, dizendo que o surf consciente na Ilha dos Lobos não traria prejuízos à fauna local.

Infelizmente, ele não veria seu sonho de colocar Torres no mapa das ondas grandes tornar-se realidade. Após sua morte, em 2006, o assunto foi simplesmente esquecido, para frustração dos surfistas e bodyboarders locais. “Zeca tinha muita exposição na mídia e como precursor do Tow-in no Brasil, era extremamente respeitado, conseguindo fazer com que a comunidade desse atenção a fatos como esse”, conta Felipe Santos, bodyboarder de Torres. “Ele argumentava que o fenômeno das ondas grandes na Ilha ocorria pouquíssimas vezes ao ano, e, por tanto, os Jet skis não afetariam seu meio ambiente. Eu tenho convicção que a liberação do surf lá só traria benefícios à cidade”, completa Santos.

Já o jornalista e também bodyboarder Guilherme Araújo salienta a importância da onda para alavancar o turismo em Torres. “A Ilha é um pico de nível internacional. A liberação consciente do surf lá traria surfistas e bodyboarders de todas as partes do planeta. Não se trata apenas de uma possibilidade de lazer, mas sim a oportunidade de encher os hotéis da cidade na baixa temporada”. Araújo cita como exemplo a praia de Jeffreys Bay, na África do Sul. “Lá não havia absolutamente nada, a não ser uma onda perfeita quebrando. Em questão de duas décadas, se tornou a praia mais requisitada da África. Eram justamente essas coisas que o Zeca colocava em pauta, e hoje não há mais ninguém para fazê-lo”, lamenta o bodyboarder.

No entanto, o ponto mais criticado pelos atletas é a restrição também ao surfe somente na remada. “Como a onda é muito rápida, os surfistas precisam de aparato tecnologico para dropá-la. Porém nós, bodyboarders, não precisamos de jet-ski pelo fato de usarmos nadadeiras”, explica Felipe Santos. “Nunca nenhum estudo ambiental provou que a simples presença humana próxima à Ilha causasse algum dano ao seu ecossistema. Esse veto não faz sentido”, conclui Santos.


A visão dos ambientalistas

A Ilha dos Lobos é uma reserva ecológica formada apenas por rochas e que não comporta vegetação. Entretanto, essa região do litoral gaúcho possui uma fauna muito rica e é a principal área de proteção para animais como golfinhos, aves marinhas, baleias e principalmente lobos e leões marinhos. A ilha é a menor Unidade de Conservação Federal do país, e a única a receber estes animais no litoral brasileiro. É uma área protegida pelo IBAMA, e o desembarque só é permitido para pesquisadores e a projetos de educação ambiental.

Alexandre Castro, fundador e diretor do Instituto Sea Shepherd Brasil, que a mais de 7 anos luta pela preservação da Ilha afirma que o surfe no local é um problema. ”Há alguns anos atrás a Ilha dos Lobos foi apresentada como o paraíso do surf no sul do Brasil. É a maior onda do país, e a prática do tow-in, que passou a ocorrer lá por conta desse renome gerou impacto muito forte em sua natureza. Os jet-skis agitam a água, largam combustível e óleo no mar e tudo isso afeta o ecossistema.”.Ele lembra que apesar de sempre ter sido uma área protegida pelo IBAMA, a entidade fez por muito tempo vista grossa para os desrespeitos com a lei, e não repreendia os infratores.”Torres sempre se intitulou uma cidade ambiental, cujo turismo gira em torno das belezas naturais. A administração do município não pode fechar os olhos para esse tipo de atividade”.

Castro, que também é surfista, faz um apelo para a conscientização de quem pratica o esporte:”Os surfistas sempre tiveram a cultura de preservar a natureza. Quem surfa na Ilha dos Lobos precisa entender que trata-se de uma área de preservação. Surfar lá é um ato de irresponsabilidade com o meio ambiente. Afinal quem é o melhor surfista? Aquele que respeita a natureza e os seus limites, ou aquele que busca sucesso e reconhecimento a qualquer preço?”.

Ilha dos Lobos vista pelo satélite do Google Earth

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Mike Stewart no Estaleirinho foto de Basílio Ruy

Perna brasileira do Circuito Mundial 2009


No último domingo, dia 3 de maio, se encerrou o Cobra D`água bodyboarding Show, na Bahia. Foi a etapa de encerramento da perna brasileira do circuito mundial de bodyboard. Ocorreram 2 etapas no país, que distribuíram um total de 75 mil dólares em premiações. O primeiro campeonato foi o Katherine Melo Pro, realizado na praia do Estaleirinho, em balneário Camboriú/SC, que assim como a etapa da Bahia, impressionou pelo profissionalismo de atletas e organizadores.
Batizado em homenagem à bodyboarder Katherine Melo, que faleceu em 2006 devido a um câncer, o evento foi um sucesso de público e estrutura. A tetracampeã mundial Neymara Carvalho e Lucas Nogueira, ambos brasileiros, acabaram se sagrando os campeões nas ondas da etapa, que atingiam até 3 metros de face. Nogueira perdia para Mike Stewart até faltarem apenas 40 segundos para o término da bateria, quando veio uma onda para o brasileiro. Com um el-rolo impressionante, ele arrancou uma nota 7 para sacramentar a vitória por 15,75 x 15,25 pontos, batendo de forma incrível Stewart, havaiano que foi a grande estrela do campeonato e não competia a 20 anos no Brasil. A torcida explodiu nas areias e logo cercou o novo campeão do Katherine Melo Bodyboarding Pro 2009. Antes da final, Lucas Nogueira já havia derrotado o atual campeão mundial, Uri Valadão. Na decisão feminina, o título valia a liderança do ranking, que a capixaba Neymara Carvalho tirou da Espanhola Eunate Aguirre.
O evento foi também motivo de orgulho para aqueles que conheceram Katherine Melo. “Esse é um campeonato que mexe muito com as emoções de quem conviveu com ela, principalmente eu e minha família, até porque Katherine sempre sonhou que o bodyboard se tornasse uma modalidade auto-sustentável, em que os atletas fossem bem remunerados. Então, estamos tentando fazer pelo menos um pouco do que ela sempre quis para o esporte”, conta Renato Melo, seu irmão.
O Cobra d`água bodyboarding Show não ficou para trás no quesito organização e menos ainda no nível dos atletas dentro da água. Realizado na praia da Armação, em Salvador, contou com um público enorme, obrigando lendas do bodyboard, como Mike Stewart, a saírem escoltadas das baterias. Quem acabou vencendo o campeonato foi o também “legend” do esporte, Guilherme Tâmega. O Hexacampeão mundial derrotou o Catarinense Eder Luciano, após mais uma emocionante final. “Não estava achando as ondas desde as quartas de final. Chegou a final e eu pensei: é agora ou nunca. Minha estrela iluminou e me mandou a onda certa. Consegui sair do tubo e arranquei a nota 10 que eu precisava”. Tâmega disse também que irá reconsiderar sua decisão de se aposentar. “Apesar das dificuldades da falta de patrocínio, vou continuar me dedicando e não sairei do circuito. Gostaria de parabenizar os organizadores pelo excelente evento aqui na Bahia”. A vitória no feminino ficou com a líder do ranking mundial Eunate Aguirre, espanhola que venceu a etapa havaiana de Pipeline e foi a segunda colocada no Katherine Melo Pro.


Resultados da perna brasileira


Katherine Melo Pro:

Final masculina – 15.75 x 15,25 pontos:
Campeão: Lucas Nogueira (BRA-ES) com notas 8,75 e 7,00 – US$ 5.000 e 1.050 pontos no ranking da IBA (International Bodyboarding Association).
Vice-campeão: Mike Stewart (HAV) com notas 7.75 e 7.50 – US$ 3.600 e 913 pontos no ranking da IBA.


Fina feminina– 11.25 x 7,00 pontos:
Campeã: Neymara Carvalho (BRA - ES) com notas 8,00 e 3.25 – US$ 3.000 e 1.500 pontos no ranking da IBA.
Vice-campeã: Eunate Aguirre (ESP) com notas 4,50 e 2,50 – US$ 1.900 e 1.290 pontos no ranking da IBA.


Cobra D`água Bodybording Show:

Final masculina- 16.00 x 14.50 pontos:
Campeão: Guilherme Tâmega (BRA - RJ) com notas 6.00 e 10.00 – US$ 4.000,00 e 1000 pontos no ranking da IBA.
Vice-campeão: Eder Luciano (BRA – SC) com notas 6.50 e 8.00 – US$ 2.800,00 e 860 pontos.


Final Feminina- 13.50 x 12.50 pontos:
Campeã: Eunate Aguirre (ESP) com notas 6.00 e 7.50 – US$ 3.000,00 e 1000 pontos no ranking da IBA.
Vice-campeã: Maylla Venturin (BRA- ES) com notas 4.50 e 8.00 – US$ 1.900,00 e 860 pontos.

Assista ao vídeo do último dia de competição no Estaleirinho