quinta-feira, 25 de junho de 2009

Polêmica entre surfistas e pescadores vai parar na Assembléia Legislativa

Placa indicando a área de surf na praia da cal não é respeitada

    A recente morte do estudante que se prendeu em uma rede de pesca no balneário de Capão Novo reacendeu uma polêmica entre surfistas e pescadores: como devem ser delimitadas as áreas para a prática das duas atividades? Dessa vez, o caso foi parar na Assembléia Legislativa, onde foi enviada uma lei para ampliar a área de surf no litoral Gaúcho.

     As estatísticas comprovam que o caso merece atenção: são ao todo quarenta e oito mortes de surfistas no litoral do Rio Grande do Sul - todas elas por afogamento, após ficarem presos em redes de pesca. Mas afinal, como evitar mais tragédias? Os membros da FGS (Federação Gaúcha de Surf) e até mesmo os responsáveis pelos principais órgãos de pesca afirmam que seria aumentando a área dos surfistas.

    Ao analisar a questão, o Deputado Estadual Sandro Boka (PMDB) decidiu enviar uma lei que aumentaria o espaço destinado ao surf de quatrocentos para três mil metros, em cada balneário. A assessoria da FGS apóia a decisão de Boka. “A área destinada ao surf, hoje, é uma indução à morte. É preciso haver uma distância de pelo menos três quilômetros destinada ao surfista. A presença de fortes correntes marítimas no Rio Grande do Sul faz com que ele acabe se distanciando do local que entrou no mar. Por isso, é imprescindível que haja uma área de escape, antes de chegar até as zonas de pesca” afirma Gabriel de Mello, assessor de imprensa da FGS.

    Outra questão não menos polêmica são os inúmeros casos de surfistas atingidos por chumbadas ou enroscados em linhas de pesca. Mello credita os incidentes à falta de responsabilidade tanto de um lado como de outro. “Locais como as plataformas de Atlântida e Tramandaí são destinados à pesca. O surfista que estiver a menos de duzentos metros delas e for atingido infelizmente não pode reclamar”.

    Por outro lado, em lugares como os Molhes e o canto da Cal, em Torres, cenas como essas são extremamente comuns, apesar de, por lei, serem áreas destinadas ao surf. “Já fui atingido por uma chumbada nas costas e, mesmo estando com a roupa de borracha, acabei tendo que levar pontos no hospital”, conta Marcelo Nery, bodyboarder de Torres. “A placa na beira da praia indicando os molhes como área de surf não serve para nada. Ainda pedimos para os pescadores lançarem as linhas mais para trás, mas eles ignoram”, conclui o surfista.

    Casos como esses reforçam o que, segundo o assessor da FGS, seria outro grande motivo de tensão entre os dois lados: a falta de fiscalização. “Não adianta alterarem a legislação ou encherem o litoral de placas indicativas se não houver alguém para fiscalizar o cumprimento da lei”, argumenta Mello.

    O órgão que, por enquanto, seria responsável por multar tais atividades é o IBAMA. No entanto, eles alegam ser incapazes de punir todas as infrações pela falta de funcionários. “Nós infelizmente não temos pessoal para atender todos os casos no litoral Gaucho”, afirma Fernando Costa, superintendente da instituição.


O que dizem os pescadores

    A pesca através de redes é a grande fonte de renda para inúmeras famílias de pescadores no estado. Eliminá-la traria fortes prejuízos econômicos. “Sabemos que é inviável acabar com esse tipo de pesca no Rio Grande do Sul, pois é ela que movimenta a economia do nosso litoral”, afirma Ítalo Frazoi, presidente da AGAPIA (Associação Gaúcha de Pesca com Iscas Artificiais).

    No entanto, Franzoi acredita que a ampliação das áreas de surf é positiva para os dois lados. “Sou a favor da ampliação. Talvez, com ela, haja maior fiscalização, evitando não só mortes no mar mas a pesca predatória e outras atividades irregulares. Além disso, os pescadores seguirão tendo grande espaço para lançarem as redes”.

    Em relação a locais como as plataformas de Tramandaí e Atlântida, sua opinião é diferente. “Também pego onda e sei que é ali que quebram as melhores, mas é também nesses locais que se encontram as maiores concentrações de cardumes. Não podemos liberá-las para o surf”.

    Já Paulo Pesca, representante da Associação dos Pescadores de Cidreira, acha que a lei não deveria ser implantada. “No verão os pescadores se retiram, e no inverno quase não há prática de surfe. Além disso, já existem limites bastante claros para a prática das duas atividades. Basta os surfistas terem respeito por suas próprias vidas”.


Canto dos molhes: bodyboarders dividem o line-up com linhas de pesca



Gráfico indicando as áreas de surf e de pesca de Xangri-lá até Capão da Canoa


Município de Xangri-lá

- Área de surf: da rua Rio Jacuí até a divisa com o município de Capão da Canoa.

- Obs: 200 metros de ambos os lados da plataforma são reservados à pesca esportiva.

Município de Capão da Canoa

- Área de surf: Área 1 da divisa de Xangri-lá até a av. Ubatuba.

Município de Torres

- A área de surf: Da Praia da Itapeva à Praia dos Molhes.

Um comentário:

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